1   A CIDADE É SÓ UMA PARTE DE UM CONJUNTO ECONÔMICO, SOCIAL E POLÍTICO QUE CONSTITUI A REGIÃO.

Raramente a unidade administrativa coincide com a unidade geográfica, ou seja, com a região. O recorte territorial administrativo das cidades pode ter sido arbitrário desde o início ou pode ter vindo a sê-lo posteriormente, quando, em decorrência de seu crescimento, a aglomeração principal uniu-se a outras comunidades e depois as englobou. Esse recorte artificial se opõe a uma boa gestão do novo conjunto. De fato, certas comunidades suburbanas puderam adquirir inopinadamente um valor imprevisível, positivo ou negativo, seja tornando-se sede de residências luxuosas, seja acolhendo centros industriais dinâmicos, seja reunindo miseráveis populações operárias. Os limites administrativos que compartimentam o complexo urbano tornam-se então paralisantes. Uma aglomeração constitui o núcleo vital de uma extensão geográfica cujo limite é constituído pela zona de influência e de uma outra aglomeração. Suas condições vitais são determinadas pelas vias de comunicação que asseguram suas trocas e ligam-se intimamente a sua zona particular. Só se pode enfrentar um problema de urbanismo referenciando-se constantemente aos elementos constitutivos da região e, principalmente, à sua geografia, chamada a desempenhar um papel determinante nessa questão: linhas de divisão de águas, morros vizinhos desenhando um contorno natural confirmado pelas vias de circulação, naturalmente inscritas no solo. Nenhuma atuação pode ser considerada se não se liga ao destino harmonioso da região. O plano da cidade é só um dos elementos do todo constituído pelo plano regional (A Carta de Atenas, 1933).

A influência do ideário moderno no ensino da arquitetura no Brasil está explícita na criação dos primeiros cursos de arquitetura e urbanismo. Em 1991, a experiência brasileira de formação combinada entre Arquitetura e Urbanismo foi regimentada em legislação, unificando as denominações anteriormente existentes dos cursos e da profissão: arquiteto, engenheiro-arquiteto, urbanista, entre outras variantes. A regulamentação derivou do artigo 22, XVI, da Constituição Federal, que trata da legislação sobre a organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões como competência privativa da União.
Outra dimensão é a trajetória geracional dos arquitetos e urbanistas associada aos diferentes contextos históricos e às reações que se fizeram repercutir no ensino e na prática.
Os cursos de pós-graduação em planejamento urbano e regional ganham destaque nos anos 1960. Estavam associados à relevância atribuída à análise do desenvolvimento sob o ponto de vista interdisciplinar das ciências humanas e sociais.
Realizado pelo Centro Interamericano de Vivenda e Planejamento (CINVA), o Seminário de Técnicos e Funcionários em Planejamento Urbano, de 1958, em Bogotá, constituiu os princípios da “Carta de los Andes”. Publicado em português em 1960, o documento marca a entrada da arquitetura e urbanismo na questão do desenvolvimento dos países sul-americanos. Introduz o planejamento urbano no projeto urbanístico.
Fala-se, então, em planejamento urbano em equivalência ao urbanismo, e vice-versa. Com a experiência da SUDENE, o contexto espacial da análise é ampliado ao planejamento regional.
No âmbito externo à arquitetura e urbanismo, o planejamento urbano e regional é uma área de conhecimento interdisciplinar e específica. Em paralelo, esses percursos contribuem para que haja muitas interfaces entre essas duas áreas, mas que precisam ser explicitadas e debatidas.

Evento on-line
O II Seminário sobre Planejamento Urbano e Regional e Arquitetura e Urbanismo, S[PLURAU], é resultado do convênio de cooperação técnico-científico-educacional entre a UNIVAP, Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) e a Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Envolve, respectivamente, os programas de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional (PPGPLUR) e de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (POSURB-ARQ).
O I Seminário foi on-line. Aconteceu na PUC-Campinas, de 1 a 3 dezembro de 2020.
O II Seminário, dividido em duas partes, também será remoto.
A primeira parte, de 25 e 27 de abril de 2022, é uma realização da PUC-Campinas. A segunda parte, de 2 e 4 de maio, é da UNIVAP.

Objetivos
No contexto da globalização neoliberal, o grau de complexidade dos problemas de natureza territorial exige transversalidade de conhecimentos científicos, técnicos e de informações. Arquitetura e urbanismo e Planejamento urbano e regional, áreas relacionadas à análise da produção do espaço, são também, por excelência, conhecimentos associados ao projeto e ao plano.
Consequentemente, podem e devem contribuir na reflexão e na busca de soluções.
Na formação dos alunos de pós-graduação das áreas de Arquitetura e urbanismo e de Planejamento urbano e regional,
o compartilhamento de visões de mundo provenientes de numerosas e distintas formações suscita questionamentos desnecessários.
O exercício da disciplinaridade da formação não impede a abordagem interdisciplinar do fenômeno e da intervenção espacial.
O intercâmbio de ideias entre pesquisadores de diversas áreas favorece a interdisciplinaridade e esse reconhecimento pode agir como elemento facilitador na elaboração de dissertações e teses.

Temas
Os temas do Seminário foram propostos pelos próprios organizadores do evento.
Resultam da convivência entre pesquisadores das instituições envolvidas e da análise de conteúdo das informações disponíveis no Diretório de Grupos de Pesquisa da Plataforma Lattes do CNPq (DGP).
São os seguintes:
1. Território e configurações culturais
2. Políticas públicas territoriais, ambiente e paisagem
3. Espaço herdado e refuncionalização
4. Constituição do espaço urbano e regional
5. Modernização da forma urbana e sociedade
6. Formação urbana, das cidades e das técnicas

Participação
Da programação fazem parte Rodas de Conversa que complementam as Mesas Redondas.
A Roda de Conversa será formada por quatro comunicações. O seu objetivo é permitir a “troca de ideias”, seguindo os passos ensinados e praticados por Ana Clara Torres Ribeiro.
Sem renunciar ao rigor da análise científica, a Roda de Conversa permite o exercício do livre pensamento entre os autores das comunicações, chamados a estimular o debate, e os que se interessarem pelo assunto discutido.
O tempo de exposição será de 20 minutos, sendo possíveis breves colocações durante as falas, desde que oportunas.
Após a apresentação das quatro comunicações, haverá 45 minutos para os debates finais.
Para participar, envie um resumo simples da sua comunicação em português ou espanhol. Os assuntos possíveis encontram-se nas informações dos grupos de pesquisa publicadas no DGP. Os links estão na Programaçao.
Deve ser até 17 de abril e conter, no máximo, 500 palavras. A submissão dos resumos poderá ser feita no ato da Inscrição pela plataforma Even3, e acessada pelo link disponível ao final da página.
A relação dos trabalhos selecionados será divulgada no dia 20 de abril.

Divulgação
Os anais do evento serão publicados no site da Rede PLURAU. Para os autores com resumos aprovados, haverá chamada de edição especial da Revista UNIVAP com publicação prevista para novembro de 2022.
Os artigos completos poderão ser submetidos até 12 de junho de 2022 e devem atender às exigências editoriais do periódico (ISSN 2237-1753). https://revista.univap.br/index.php/revistaunivap

Dedicatória 
Este evento é dedicado a Rebeca Scherer.